VIVER EM CRISTO É VIVER O NOVO, DESCONSTRUINDO PRÁTICAS ANTIGAS, SEM REMENDOS OU PEQUENOS CONSERTOS, MAS EM PLENITUDE E NOVIDADE DE VIDA!

Jesus Cristo é o Novo. Não mais os pactos antigos, mas a Nova Aliança.
As Boas Novas anunciadas por Ele fazem sentido quando vistas como uma releitura das Escrituras Sagradas. Nas Boas Novas não há a abordagem implacável da Lei, que não foi revogada, mas a Graça, o favor imerecido. Nas Boas Novas predominam mensagens de tolerância, de ausência de preconceitos, de busca incessante da fé, de comunhão com o Pai e com o próximo. Enfim, em Cristo se revela a essência maior da natureza de Deus: O Amor. Somente assim é possível fazer uma releitura dos episódios descritos em Mc 2.13-22.
Inicialmente há o chamado de Levi (Mateus) que era um coletor de impostos (publicano). Jesus o viu, chama-o para que O seguisse e é pontamente atendido pelo desprezado publicano. Esta cena bíblica, que também consta de Lc 5.27, 28 já foi objeto de mensagem em 20/12/2009, publicada neste blog, com o título de Deixando tudo e seguindo Jesus.
Na cena seguinte há a descrição de uma refeição na casa de Mateus, em que Jesus estava acompanhado de seus discípulos, além de outros publicanos, certamente convidados do dono da casa. Ou seja, o quadro descreve Jesus, Mateus, os outros discípulos, publicanos, "pecadores" e religiosos (mestres da lei, fariseus). A mesa era grande e farta. Eles estavam à mesa e o propósito era o de comerem juntos. A expressão "pecadores" se refere às pessoas de má fama, bem como os que se negavam a seguir a lei mosaica, como interpretada pelos mestres da lei. A palavra também era aplicada a cobradores de impostos, adúlteros, assaltantes e outros. Os costumes judaicos assinalavam que comer com alguém era sinal de amizade. Portanto, entre aqueles homens e entre Jesus e Seus discípulos não havia acepção de pessoas. Eles estavam juntos e celebravam estar na presença de Jesus. Não havia, também, ninguém a mensurar o nível de espiritualidade ou santidade do outro. Ali, naquele ambiente, estava sendo gerado um princípio de comunhão entre eles, e isso era importante.
Mas aí surge a primeira indagação dos religiosos fariseus aos discípulos: Por que Jesus está à mesa e come com os publicanos e pecadores? Interessante pergunta! Por que se misturar com os que não professam a nossa fé? Intimamente parece haver uma afirmação: nós somos os escolhidos, nós somos melhores, somos os santos, nós não somos pecadores, como eles! O Mestre estava ali com eles, mas não era como eles, então por que estar ali?... Isso não estava certo! Entenderam a lógica dos religiosos? Esta lógica permeia todo o Antigo Testamento.
Quando lemos e relemos os mandamentos em Ex 20.2-17 fica evidente que há os quatro primeiros que sustentam a necessidade de buscar a Deus (não adorando outros deuses, não fazendo ídolos e se prostrando diante de imagens, não tomando o Seu santo nome em vão, e santificando o dia do descanso, dedicado ao Senhor) e os seis últimos que evidenciam a necessidade de o homem se relacionar melhor com o outro (honrando os pais, não matando, não adulterando, não furtando, não dando falso testemunho e nada cobiçando).
Mas aqui - em uma releitura com os olhos da Graça, expressa pelo Amor de Deus, sintetizado em Jesus - fica mais nítido o ensinamento do Mestre. Aqueles homens -religiosos - se detinham no estrito cumprimento da Lei. E a Lei ordenava adorar a Deus, somente a Ele, e respeitar o outro, seu semelhante. Entre as formas de respeito, há inclusive uma, pelo menos, que se caracteriza pelo isolamento. Ou seja, em um gesto de pura solidão e egoísmo, pode-se adorar a Deus e simplesmente não se aproximar muito do outro, viver a vida, não dar a mínima para os outros e suas necessidades. Assim procedendo, isola-se o homem no seu mundo e nada faz de mal para ninguém. Mas, também, não faz o bem. Aí segue-se a Lei e se está em paz consigo mesmo. Somente há relação maior com os mais "chegados";com os outros, não é necessário, pois não se precisa deles, tampouco eles precisam daqueles...! Essa visão religiosa era típica daquela época. Será que atualmente é diferente?
Retornemos ao texto e sua exegese. Jesus de pronto responde à pergunta feita aos discípulos: "Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas os doentes. Eu não vim para chamar justos, mas pecadores."
Há, ainda, uma segunda pergunta feita à Jesus, desta vez pelos discípulos de João Batista, sobre o fato de que eles e os fariseus estavam jejuando, mas os discípulos de Jesus não estavam. A resposta de Jesus se apresenta em forma de parábolas. Em festa que o noivo está presente os convidados se alegram e não ficam de luto. Mas, em outros tempos, quando o noivo lhes for tirado, aí sim eles jejuarão. De outra fora, ninguém costura remendo de pano novo em roupa velha, porque o remendo forçará a roupa, tornando pior o rasgo. E ninguém põe vinho novo em odre (saco, espécie de bolsa de couro de pele de cabra, para acondicionar líquidos) velho. Se fizer isso, o odre se romperá, o vinho se derramará e o odre se estragará. Ao contrário, põe-se vinho novo em odre novo, e ambos se conservarão. O que nos ensina Jesus aqui?
I - O OLHAR PARA O ANTIGO
Os religiosos, tanto os antigos, quanto os novos, têm uma grande preocupação, o cumprimento inflexível da Lei, dos rituais, dos costumes e das normas mosaicas. Geralmente as pessoas resistem a qualquer mudança, ao novo, às releituras que são feitas sobre algo que deve ser seguido à risca.
II - O OLHAR PARA O NOVO
Jesus chega e com Ele vem o novo, o vinho novo, as Boas Novas.
A essência do Novo em Jesus é a manifestação do Amor de Deus para com a humanidade. Por isso é que manifestou-se em Amor para com os homens, sem fazer acepção de pessoas, ao contrário, buscando os pecadores, excluídos sociais e os perdidos; e assim Ele quer que os homens façam entre si, amem-se uns aos outros, como o Pai nos ama, sem fazer, também, acepção de pessoas.
Entendem vocês que esse Novo não pode se enquadrar na velha forma de ser, pensar e viver?
Jesus estava alertando os religiosos, plenos de auto-suficência, que tudo o que Ele estava ensinando não era algo saturado de coisas velhas, mas totalmente Novo, que exigia ser processado pelo coração, pelo Amor de Deus, não pela razão, pela Lei, ou pelo temor à Deus.
Forçar a aplicação de seus ensinos em formatos antigos, faria o vinho novo se romper no odre velho, derramando-se, decompondo-se, ruindo-se.
As Boas Novas conferem liberdade no Espírito, sacerdócio a todos os que creêm no Amor de Deus, a todos os perdidos, sem exceção, com a salvação se dando pela Graça, não pela Lei.
Mas os fariseus -fundamentalistas religiosos - continuavam acreditando que o vinho velho da Lei era melhor.
Em Cristo todas as coisas se fizeram novas. É preciso mudar de vida, estar em novidade de vida.
Muitos são os que estão presos à velha maneira de ver e entender as coisas. Muitos se apegam aos formalismos religiosos, não à essência dos ensinos de Cristo.
O Espírito Santo conclama a olhar para Cristo, para o Amor e a Graça de Deus, manifestados nEle. É certo que há muita resistência às mudanças. No geral, muitos são os que preferem a velha forma de ser e pensar. Mudar, por que mudar? Muitos são os que têm a mente cauterizada e preferem deixar como está. Eles aprenderam que basta seguir a Lei, obedecer a Deus, estando de bem com Ele, e tudo bem!
Há muitos que certamente não aceitarão os pontos desta reflexão teológica e podem até questionar sobre a validade do Antigo Testamento. Ele não vale mais? Claro que continua em vigor. Para tanto é importante refletir sobre o que o apóstolo Paulo nos ensina (2 Tm 3.16,17): "Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra". Entretanto, é importante entender que no processo de salvação a Lei teve um papel que foi o de nos servir de aio (guia, tutor, um escravo encarregado de proteger a criança, levá-la à escola, vigiar a sua conduta e até castigá-la) para nos conduzir a Cristo (leia Gl 3.24,25), para que fóssemos justificados pela fé. Mas agora com a fé, já não estamos mais sob o controle do aio, do tutor, da Lei. Ensina o apóstolo Paulo, então, que a Lei apresenta caráter transitório e que por si só, é incapaz de fazer verdadeiramente justo o homem.
Em resumo:
A interpretação da parábola da roupa velha e do odre velho é extraordinariamente intrigante e deveria ser mais discutida e apreendida.
Em substituição às normas legais que amarram e amordaçam, Jesus apresenta o decreto da liberdade.
Os novos ensinamentos não podem ser acondicionados nas velhas formas e práticas. Admitir os ensinos de Jesus e colocá-los em um formato diferente, seria como estragar o vinho novo.
As Boas Novas são comparadas ao vinho novo,mas assim como os antigos fariseus, muitos são os religiosos que insistem e continuam escravizados ao formato antigo, pois para estes, o velho vinho da Lei é melhor.
Da mesma forma, esse princípio se aplica ao costurar tecido novo em roupa velha e degastada. Remendar roupa é algo até comum. Mas aqui não se trata do modo comum de costurar uma calça ou um vestido. A velha roupa da vida formada por pecados e práticas egoístas e preconceituosas, não pode ser remendada.
Em Cristo não há remendo ou obra reparadora. Em Cristo há regeneração, com a produção de algo novo, a nova roupa, a nova criatura.
Se o vinho novo representa o aspecto interno da vida cristã, o tecido novo representa a vida externa e a conduta no mundo. A fé se evidencia pelo comportamento. A roupa velha é a vida comum dos pecadores e a roupa nova é a vida de santidade, usada pelo novo homem e pela nova mulher em Cristo. Quando Jesus fala sobre o jejum praticado pelos religiosos referia-se Ele à roupa velha para a qual é inútil um pedaço de tecido novo.
Jesus é o novo, não algo impregnado em uma velha ordem, mas nas Boas Novas. Não é possível colocar em fórmulas degastadas as novas verdades que Ele veio ensinar.
As Boas Novas estão envoltas pela Graça, não pela Lei. Por isso é preciso desconstruir as práticas antigas, libertar-se das amarras do legalismo que escraviza e apegar-se à Graça e ao Amor de Deus, que, em Cristo, verdadeiramente liberta.
No mercado de produtos para consumo, muitos são os que mudam a embalagem, o rótulo de um produto, simulando um novo lançamento, mas como seu conteúdo não se altera, o que se tem é um vinho velho em um odre novo. Durante algum tempo muitos são os que confundem e aceitam a substituição, mas logo depois percebem que nada mudou. Ali não há nada de novo, a estrutura e a essência é antiga e comum.
Mas em Cristo, há o novo. A Lei que gerava obediência, pelo temor, submete-se à fé e à Graça que gera amor, compromisso, entrega.Quem se entrega, obedece, não por temor, mas impulsionado pelo Amor de Deus que constrange (2 Co 5.14).
SENDO INSISTENTE SOBRE DIFERENÇAS ENTRE ANTIGO E NOVO, ENTRE LEI E GRAÇA:
A compreensão da Lei conduz à Obediência pelo temor.
A compreensão da Graça também conduz à Obediência, mas pelo amor.
Portanto, em Cristo, para o vinho novo, o odre novo.
Jesus transforma e continuará transformando o velho em novo, acondicionando-o em odre novo. Em Cristo morre o homem envelhecido por sua natureza e valores, e nasce a nova criação, até que todas as coisas velhas passem, e que tudo se faça novo (2 Co 5.17). (Desenvolvimento ampliado da mensagem deste pastor levada à Comunidade no culto de domingo 14/03/2010)

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